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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Post 004

Esse “Eu superior”, que às vezes percebemos existir em nós, é o nosso Eu Verdadeiro. Ele é a base de nossa verdadeira natureza, é nosso centro, e é nele, somente nele, que podemos experimentar um estado de plena consciência, ou “conhecer a verdade”. Quando citei Jesus Cristo no meu post 001 – “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, avisei que adiante evoluiríamos para a pergunta: “libertar de que?”.
A grande maioria de nós vive uma vida limitada, não faz ideia do que é capaz. Vive completamente na ilusão e engano criados pela mente racional (ver post 002), miseravelmente dominada pelo ego que só nos traz sofrimento, mas quando ouve a citação de Cristo, pergunta: “me libertar de que? – não preciso de nenhuma libertação, já sou livre”.
Libertar de que? Vou dar agora algumas respostas preliminares – mais à frente tem mais. Primeiramente, libertar de tudo que nos limita. Quando temos acesso à nossa verdadeira natureza, à base de nossa existência, descobrimos possuir capacidades que eram antes inimagináveis, de discernimento, sabedoria, inteligência, cura, amor, contentamento. Talvez você não acredite nisso e não tenho agora como demonstrar que isso é verdade, mas afirmo que a melhor maneira de acreditar é experimentando. A finalidade deste blog é repassar, de forma clara e precisa, ensinamentos de Jesus Cristo e outros grandes mestres sobre como se chega a essa experiência. Foi para isso que Jesus veio, foi para isso que Buda, Krishna e outros vieram, mas aqui seguiremos a linha de Jesus (não necessariamente de igrejas cristãs e seus dogmas).
Muitos de meus amigos que vivem baseados na mente racional, dominada pelo ego, afirmam “felicidade não existe, existem apenas momento felizes”, ou coisa parecida. Essa afirmação faz muito sentido para quem não conhece o acesso ao ser Eu verdadeiro, ao estado de plena consciência. Quem conhece, entretanto, sabe que é possível experimentar um estado permanente de contentamento e felicidade e que esse é nosso estado natural, para o qual fomos criados.
Mas antes de me aprofundar sobre o estado de consciência superior, no qual se encontra nosso Eu Verdadeiro, vamos falar no estado de consciência em que vivem 99% da humanidade: nosso sistema operacional nativo, dominado pela mente racional e, em consequência, pelo ego.
Primeiramente, um esclarecimento: não acho que nossa mente racional seja intrinsicamente má, demoníaca ou inútil. Negar que as maravilhas da ciência e da tecnologia são produto da mente racional seria obscurantismo. O problema não é possuir uma mente racional, o problema é ser dominado por ela, controlado por ela. Nossa mente racional pode e deve ser um maravilhoso recurso para nossa sobrevivência e bem estar neste mundo material, mas ela deve estar ao nosso serviço, deve ser um recurso que controlamos e usamos quando necessário. Infelizmente, 99% das pessoas vivem, ao contrário, sob o controle da mente racional. É como diz físico quântico David Bohm, na citação que fiz no post 002: “O pensamento oferece a falsa informação de que é você quem está controlando, que você é aquele que controla o pensamento, quando, na realidade, o pensamento é que controla cada um de nós”.
Essa vozinha que vive tagarelando na sua mente, com a qual você se identifica, a qual você pensa que é você, não é o seu eu verdadeiro. É na realidade um produto, uma criação da sua mente e de seus componentes (memória, sentimentos, sensações) - é o seu ego em ação. O egoísmo é a identificação com essa massa de pensamentos criada pela mente, inclusive a sua história, as suas memórias, com a imagem mental que você criou de si. Você objetará: se não sou minha história, então quem sou eu?
Realmente, não se pode apagar sua história, seu passado, suas ligações afetivas, etc. E não há nada de errado com elas, desde que você não se identifique totalmente com essas coisas, que são produtos mentais. O fundamental é compreender que você é MAIS que sua história, MAIS que a coleção de vontades e repulsas que sua mente cria para você.
Você deve estar se perguntando como é possível que nossa mente racional, com todas as suas capacidades maravilhosas, possa de algum modo nos ser nociva. Se a mente nos pertence, como ela pode nos dominar ou controlar?
Isso tem a ver, primeiramente, com a cadência em que nossa mente funciona. Você certamente já reparou na corrente ininterrupta e avassaladora de pensamentos que a mente produz. Nessa corrente, somos assolados por desejos, repulsas, necessidades, obsessões, medos, rancores, invejas, ciúmes, ressentimentos, afetos, dilemas de escolha. Essa corrente é contínua, não dá trégua. Somos continuamente retirados do estado de atenção, do momento presente, pois os citados sentimentos nos conduzem quase sempre ao passado ou ao futuro.
O domínio da mente vem justamente do fato da corrente ser ininterrupta e avassaladora: não encontramos brecha, intervalo no qual possamos fugir dessa fadiga, não "desengrenamos" dessa corrente, e desse modo somos dominados, impedidos de ascender a um nível superior de consciência.
O segundo motivo vem do “sistema operacional” sob o qual nossa mente funciona. Mas isso, veremos no próximo post.