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quarta-feira, 4 de julho de 2018



O amor de Deus por nós é imutável, perfeito e total. Não há nada que você possa fazer para aumentar o amor de Deus por você. Nem ir à igreja todos os dias, nem pagar o dízimo religiosamente, nem fazer caridade, nem fazer jejum ou sacrifício. Esse amor não pode aumentar, porque ele JÁ é pleno.

Também não há nada que você possa fazer que possa diminuir o amor de Deus por você. Nem roubar, nem matar, nem adulterar, nem praticar qualquer erro. Não podemos diminuir o amor de Deus por nós.

Então o que podemos fazer?  Podemos aprender a acreditar, a receber esse amor, confiar nele, permiti-lo e celebrá-lo, aceitando o convite permanente da Trindade para participar na dança cósmica.
É por isso que toda espiritualidade se resume à busca da união com Deus. Quando experimentamos a presença divina em nós, passamos a acreditar vividamente, sem qualquer dúvida, e então estamos aptos a receber, confiar e participar.

terça-feira, 3 de julho de 2018

Sobre “O Reino” - Relembrando

Na última postagem, nos propusemos a entender um pouco mais sobre o conceito de Reino (dos céus, ou Reino de Deus), pois, o que quer que isso seja, trata-se evidentemente de um conceito central e importantíssimo para o que Jesus de Nazaré estava tentando ensinar.

Primeiro, vimos 3 atributos em que todo mundo acredita, mas aparentemente  contrariam o que Jesus ensina nos Evangelhos: (1) que o Reino é um lugar; (2) para onde podemos ir, mas só depois que morrermos; (3) se tivermos sido bons e obedecido certos preceitos.

O Reino não é um lugar para onde vamos, não é uma recompensa que temos por sermos bons. É a realidade da presença de Deus. Onde está? Jesus diz em uma ocasião: “Você não pode observar quando o Reino de Deus virá. Você não pode dizer: "Veja, aqui está ou está lá, porque na verdade o Reino de Deus, o Reino dos Céus está dentro de você". Essa palavra que traduzimos como "dentro" também pode ser traduzida como "entre".(“o Reino está no meio de vós”). Então o Reino é não-dual. Não pode ser limitado por espaço ou tempo.
É experimentado por um novo estado de consciência, que está além da mente (metanoia). É um estado de graça e plenitude, é a presença de Deus em nós.
Jesus, nas parábolas do Reino, indica que este é tão precioso que, quem o encontra, deseja trocar tudo que tem, suas terras, suas jóias, para ficar com o Reino. É a maior preciosidade da vida. Como fazemos para experimentar? Jesus também ensina. Veremos adiante.

sábado, 2 de agosto de 2014


PARTE II - A EXPERIENCIA DO REINO

 
 

Post 008 - Ensinamentos sobre o "Reino"

 
Se você pesquisar, nos 4 evangelhos, o número de vezes em que Jesus se refere ou utiliza o termo "Reino", (Reino de Deus, Reino dos Céus), vai ficar impressionado. Esse é um tema recorrente, que parece ser absolutamente central em seu ensinamento.

No seu primeiro pronunciamento público, na primeira vez que ele abre a boca para ensinar, ele já anuncia, solenemente: "Arrependei-vos, porque o Reino está próximo". (Mc 1,15; Mt. 4,17)

Se você relê esta passagem e os versículos subsequentes, terá motivos para achar, com eu acho, que o fato do "Reino" estar próximo é nada menos do que a tal "Boa Notícia" que ele veio anunciar. Ao longo dos Evangelhos, sua preocupação com esse tema é evidente: "O Reino se parece com isso", "O Reino se parece com aquilo", "O Reino é daqueles que...", "esses não estão preparados para o Reino", etc. Ele parece estar comprometido e empenhado em anunciar e explicar o Reino, ensinar como se chega a ele, mas também parece saber que tem uma tarefa difícil pela frente.

O que quer que o Reino seja, parece ser de fundamental importância para o que Jesus estava tentando ensinar.

O fato de Jesus ter que recorrer a parábolas e comparações parece indicar que "Reino" é um conceito difícil de ensinar e de compreender: não é algo que se possa explicar com uma linguagem objetiva.

Hoje em dia, entretanto, é fácil perceber que o entendimento que a maioria dos cristãos tem sobre o "Reino dos Céus", ou "Reino de Deus", é o conceito simplista que as igrejas cristãs deixam subentender. Pelo que tenho notado, a grande maioria dos cristãos acha que o Reino:

1- é um lugar

2- para onde podemos ir DEPOIS que morrermos

3- Se tivermos sido bons e merecedores enquanto vivíamos nesse mundo

 Entretanto, quando estudamos com cuidado o ensinamento de Jesus sobre o tema, essas  três crenças dos cristãos modernos parecem muito questionáveis. Vejamos:

 1- O REINO É UM LUGAR? - diversos ensinamentos diretos de Jesus me levam a crer que o Reino não é um lugar definido, mas um deles é particularmente claro:
 
Lc 17,20-21 - "E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes: 'O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: ei-lo aqui, ou ei-lo ali, porque o Reino de Deus está entre vós".

Mais impressionante ainda são algumas traduções que interpretam a última frase como "...porque o Reino de Deus está dentro de vós"
Jesus deixa claríssimo que o Reino não é um lugar quando explica que não se pode dizer "ei-lo aqui" ou "ei-lo ali". E mais, ele explica que o Reino "não vem com aparência exterior", ou seja, não pode ser percebido nosso sentidos ordinários. O Reino está no meio de nós, está dentro de nós, mas, por alguma razão, não conseguimos percebê-lo. Porque? Para mim, tudo indica que o que Jesus chama de Reino de Deus, ou Reino dos Céus é uma metáfora para um novo e elevado estado de consciência - mas esta é uma tese a ser discutida mais adiante.

 
2- A QUE SÓ PODEMOS TER ACESSO DEPOIS DE MORRER? Não estou aqui questionando a existência do Paraíso, de uma instância elevada, de paz e amor, em que nossas almas desfrutarão descanso junto ao Criador, depois de desencarnarem. Mas as igrejas cristãs deixam subentender que esse acesso só é possível após a morte. Isso parece estar em contradição ao ensino de Jesus, em pelo menos dois aspectos:

-    Primeiro, porque Jesus diz explicitamente, em algumas passagens, que o Reino está disponível mesmo para quem está vivo. A mais impressionante está em Mc 9,1: "Dizia-lhes também: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que não provarão a morte sem que vejam chegado o reino de Deus com poder".  (Esta passagem também é relatada em Lc 9,27). Pelas leituras que faço, os discípulos diretos de Jesus tiveram experiência direta do Reino, de êxtase, de plenitude e de poder, sem precisarem morrer para isso. Muitos outros santos, ao longo da história do cristianismo, tiveram essas experiências enquanto vivos. Vamos voltar a isso mais adiante.

-   Segundo, a ênfase da pregação de Jesus parece ser justamente sobre a proximidade, a disponibilidade imediata do Reino. A primeira manifestação de Jesus, que citei acima, parece estar completamente distorcida, pelo que pude pesquisar: "Arrependei-vos, porque o Reino está próximo". Essa tradução nas Bíblias brasileiras nunca me caiu bem. Nunca engoli a possibilidade de Jesus usar um termo como "arrependei-vos", logo na primeira vez que abre a boca para pregar. Isso está mais em linha com o tom acusatório que sempre dominou a doutrina das igrejas cristãs, atreladas que sempre foram ao paradigma "pecado, culpa e castigo". Algumas traduções melhores usam "convertei-vos", que está mais próximo ao original grego, derivado do termo metanoia, que significa "mudar de mentalidade", "ir além da mente", transformar-se. Quando desconfio de alguma frase em bíblias escritas em português, costumo ler o trecho em bíblias estrangeiras. Nas bíblias francesas, por exemplo, onde se lê o pesado "arrependei-vos!", eles escrevem: "changez!" Ou seja, "mudem!". Sim, afinal foi isso que Jesus veio fazer: convidar-nos para uma profunda transformação. E no Brasil, quando se lê que o Reino está "próximo", algumas igrejas entendem isso como advérbio de tempo. Próximo ano, próximo mes, próxima semana. Tem igreja cristã que vive nessa ansiedade apocaliptica, pois para o Reino chegar, o mundo tem que acabar, e Jesus disse que vai ser logo (está próximo)! Mas próximo também pode ser advérbio de lugar: perto, disponível, ao alcance! Se você pegar algumas bíblias em inglês, vai notar que eles traduzem "próximo" por "at hand". Perto, ao seu alcance, ao alcance de suas mãos! Então podemos refazer a primeira frase de todo o ensino de Jesus: "Transformem-se, mudem a sua mentalidade, porque o Reino está perto, ao seu alcance". Uau! Isso muda tudo! Está ao nosso alcance já, está no meio de nós, está dentro de nós, só precisamos despertar para percebê-lo, para desfrutá-lo!

 É melhor parar por aqui. Continua no próximo Post.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Post 007 - O Verdadeiro Eu


Depois de extensa discussão sobre o ego (nosso falso “eu”), em nossas três postagens anteriores, chegou a hora de investigarmos a existência do Eu verdadeiro, nosso Eu superior. Ele existe mesmo? É possível experimentá-lo, vivenciá-lo?
Como vimos no post 003, é possível observar e ter uma percepção clara do ego em ação: aquela vozinha que vive tagarelando em nossa mente, na primeira pessoa do singular: eu preciso disso, eu acho que ela é insuportável, eu adoro aquilo, eu detesto esse cara, etc.

Para perceber isso, é preciso que você se concentre um pouco, que consiga acalmar a mente, que aguce sua atenção e foque no momento presente. Então vai notar que há outro “Eu”, um pouco acima, que consegue observar todos aqueles pensamentos na primeira pessoa do singular, que acabamos de exemplificar. Se você é aquele “eu” naqueles pensamentos, então quem é este que observa tais pensamentos?  
Quando nos desenvolvemos no plano espiritual, adquirimos acesso cada vez maior ao nosso “Eu superior”, que é um estado de consciência mais elevado e não poluído pelos processos mentais. É um estado de plena atenção, vivido totalmente no momento presente, sem sinais de ansiedade, raiva ou medo.

É muito importante que entendamos esse nosso Eu superior, caso contrário não faria sentido um esforço para deixar o falso eu para trás. E esse esforço não é pequeno.
Jesus, em seu minucioso ensino sobre nossa evolução espiritual, nos pede esse esforço:

“Se alguém quiser ser me seguir, negue-se a si mesmo, tome sua cruz e me siga”.
Em psicologia, o ‘si mesmo’ é uma denominação do ego. E ao pedir que o deixemos para trás, Jesus nos propõe um difícil desafio. Mas como livrarmo-nos dele, (ou, pelo menos, como contê-lo de modo a não sermos dominados por ele) e ganharmos com isso o acesso ao Eu verdadeiro?

Em todas as grandes tradições espirituais, seus mestres – Krishina, Buda, Rumi – pediram a mesma coisa que Jesus, e seus seguidores encontraram métodos e técnicas para isso: as diversas formas de meditação, no hinduísmo e no budismo, os exercícios espirituais dervixes, no islamismo, são exemplos de métodos para conter o ego e ascender a níveis superiores de consciência. No cristianismo, que conheço melhor, diversas escolas desenvolveram técnicas para acalmar o ego e mantê-lo em seu “devido lugar”. Já no século IV depois de Cristo, algumas técnicas eram ensinadas pelos “pais do deserto”, em seus precários monastérios no Sinai e no Egito. A tradição do Hesicasmo, nas igrejas cristãs ortodoxas, vem do século V. A “Nuvem do Não Saber”, um clássico cristão que apareceu ainda no século XIV na Bretanha, é um livro que trata exclusivamente disso. Outras escrituras antigas mostram que essas técnicas, ou formas de oração, eram conhecidas em comunidades cristãs primitivas, mas de alguma forma se perderam. Nos dias de hoje, diversas comunidades cristãs estão resgatando aquelas práticas, que são conhecidas como oração contemplativa, oração centrante, ou simplesmente meditação cristã.
Felizmente isso está acontecendo, porque me parece que a descoberta do Eu verdadeiro era um ponto fundamental no ensino de Jesus. Em outro ponto ele diz:
de que adianta alguém ganhar o mundo, e perder sua verdadeira vida?”

Sem dúvida, Jesus refere-se à prioridade de se obter acesso ao verdadeiro Eu: sem isso, todas as demais conquistas serão inúteis.
Ao contrário do ego, que pode ser percebido e observado, o Eu verdadeiro é nossa luz interior e não se torna objeto de nossa percepção. Podemos saber que estamos nele, mas não podemos observá-lo. Quando estamos nele, estamos num estado de plena unidade, não há “outro” a observar. Toda dualidade desapareceu e a unidade nesse nível é o próprio Cristo. Não podemos separar o Cristo do nosso Eu verdadeiro, porque esse Eu está imerso no Cristo, assim como o Eu verdadeiro dos outros. Assim, nesse estado de unidade, não há separação, não há “outro” para observar.

O apóstolo Paulo faz alguma observação expressiva sobre essa experiência união, de imersão total, quando estamos em nosso Eu superior:
“... pois n'Ele vivemos, nos movemos e existimos At. 17,28

Vejo uma correlação muito forte entre o conceito de Eu superior e o conceito de Reino de Deus, no que diz respeito à não localidade, ao fato de serem não-observáveis.
Jesus de Nazaré utilizou extensivamente o conceito de Reino de Deus (ou Reino dos Céus), e já no seu primeiro pronunciamento, afirmou: “O Reino do Céu está perto”.

Dentre muitos ensinos e parábolas explicativas sobre o Reino, uma é particularmente objetiva quanto à não localidade:
“Os fariseus perguntaram a Jesus quando chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: O reino de Deus não vem ostensivamente. Nem se poderá dizer: "Está aqui" ou: "Está ali", porque o Reino de Deus está no meio de vós”.  Lc 17,20-21

Se você juntar a característica de não localidade com as dezenas de tentativas - por meio de comparações, parábolas e exemplos – que Jesus fez para explicar o que é o Reino, talvez conclua, como eu, que o Reino e o Eu superior são na verdade estados elevados de consciência, e que talvez sejam a mesma coisa. Mas isso fica para a Parte II deste blog.
Para encerrar, voltemos ao Eu verdadeiro. Nós o descrevemos acima como um estado de consciência mais elevado e não poluído pelos processos mentais. Todos nós, mesmo que por breves momentos, já tivemos experiências de plenitude, êxtase, amor irradiante e compaixão, não poluídos por sinais de ansiedade, raiva ou medo. É um estado de plena atenção, vivido totalmente no momento presente, em total conexão. Mais do que isso, notamos que uma misteriosa fonte de amor surge em nós. O amor transborda de nós e esse amor transbordante atrai o amor dos outros.

Sempre tive, assim como muitos amigos e conhecidos, grande dificuldade de aceitar a possibilidade de amar como Jesus ensinou. “Ama o teu próximo como a ti mesmo” já é bem difícil, mas é possível acatar como um ideal a atingir. Jesus, entretanto, vai além, num ensino que para muitos parece absolutamente radical. Vejam, por exemplo, em Mateus, 5:
Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente’. Eu, porém, digo-vos: não vos vingueis de quem vos fez mal. Pelo contrário: se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém faz um processo para te tirar a túnica, dá-lhe também a capa! Se alguém te obriga a andar um quilometro, caminha dois quilômetros com ele! Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pedir emprestado. Ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo! Eu, porém, digo-vos: amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem!”

É duro se dispor a seguir tais ensinamentos! Tenho a impressão que a grande maioria dos cristãos se conforma e admite que não vá conseguir cumprir, mas continua considerando-se cristã.  Amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem parece quase impossível para quem vive no estado mais comum de consciência, atrelado ao ego. Mas lembremos de que, com muito mais insistência, Jesus mostra o caminho para estados mais elevados de consciência: O Reino, o Eu superior.
No evangelho de Tomé, 25, o mandamento do amor é expresso de forma encantadora:

Disse Jesus: “Ama teu irmão como tua alma, protege-o como a pupila de teus olhos”.
Para seguir o ensinamento de Jesus sobre o amor, precisamos encontrar os outros, não ao nível do ego, mas ao nível do Eu verdadeiro, onde nós somos UM com os outros, UM em cristo, e aí somos capazes de amar de verdade, como Jesus ensinou. Somente quando acessamos nosso Eu verdadeiro, quando chegamos a esse nível de consciência, podemos amar o outro com amor verdadeiro, com compaixão, tolerância e sem julgar. O mesmo se pode dizer quanto ao perdão: só podemos perdoar de verdade quando nos livramos do nosso ego.

Falando de desafios difíceis, Jesus vai ainda além: em Mateus 5,48, Jesus pede nada menos que o seguinte: “Portanto, sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está no Céu”.
Juntando com todos os ensinamentos citados acima, parece realmente desanimador. Pedir a perfeição, como a do Pai celeste, para um pobre ser humano, parece simplesmente absurdo.

Ou Jesus está pedindo um absurdo, ou ele mostra também o caminho de uma transformação radical, a partir da qual esses ensinamentos são factíveis. E ele mostra. E reconhece que essa transformação é tão radical que equivale a um novo nascimento, como na conversa com Nicodemos: “Não te maravilhes de eu te dizer: é preciso nascer de novo”.
Sim, ascender a esse nível de consciência do Eu superior é uma transformação tão radical que equivale a um novo nascimento. O apóstolo Paulo, que experimentou isso, dá seu depoimento: “Se alguém está em Cristo, é nova criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma realidade nova apareceu”.

Se estivermos nesse novo estado de consciência, em união com o Cristo, estamos vivendo uma nova realidade, em que aqueles ensinamentos de Jesus, que pareciam absurdos para quem está atrelado ao ego, são perfeitamente praticáveis.
Só poderemos evoluir nesse sentido se pudermos aceitar que somos essencialmente bons. E reconhecer isso é muito difícil, por dois motivos principais: primeiro, porque a maioria das igrejas cristãs tenta continuamente nos convencer de que somos essencialmente pecadores e com inclinação para o mal. Segundo, porque o reconhecimento de nossa “bondade” essencial só pode ocorrer a partir do nosso Eu verdadeiro, quando percebemos nossa plena unidade com o Cristo. Portanto, o pré-requisito para amar como Jesus nos pede é ter acesso ao nosso Eu superior. E isso não é pouca coisa!

Ascender a este novo estado de consciência, tornar-se uma nova criatura, vivenciar o Eu superior, a união com o Cristo, são metas realizáveis.
Disciplinar e conter o ego são apenas um primeiro passo. Quando vivenciamos nosso Eu superior, podemos finalmente descobrir QUEM SOMOS NÓS. Podemos então experimentar o Reino (que está dentro de nós). Vamos então entender porque Jesus disse: “eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” e também “vos ensino isto para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa”.

Na segunda parte deste blog vamos aprender mais sobre a experiência do Reino.

 

FIM DA PARTE I

 

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Post 006- O Ego


Ego é uma palavra latina que significa “eu”. O ego humano é uma criação da mente, uma imagem mental que construímos sobre nós mesmos. Estudos sobre a evolução do sistema cognitivo humano explicam como a criança vai, aos poucos, criando uma identificação de seus pensamentos com sua percepção inicial desse “eu”. Num passo seguinte, adquire o conceito de “meu” e daí rapidamente aquilo que é “meu” passa também a fazer parte do “eu”. Essa identificação do “eu” com objetos evolui para a identificação com outras posses: pessoas (“minha” mulher, “meu” amigo) “minhas” ideias, “minhas” crenças. Outros elementos são mais tarde incorporados pela mente ao conceito do “eu”: nacionalidade, crenças, valores, religião, propriedades, partido político, etc.
A identificação dessa massa de pensamentos criada pela mente, inclusive nossa história, nossas memórias, nossas “posses”, com a imagem mental que criamos de nós mesmos chama-se egoísmo.

Como essa imagem de nós mesmos é uma construção da mente, muitas tradições espirituais a descrevem como uma espécie de ilusão. Nas tradições espirituais do oriente, o estado de ser atrelado à crença ilusória de que nós somos o nosso ego é conhecido como Maya ou Samsara.

Na verdade, o ego é um falso “eu”.
Eckhart Tolle chega a dizer que, à medida que o ego se desenvolve no indivíduo, este se torna, em certa medida, psicologicamente insano, quando se leva em conta que o ego tende a produzir uma natureza mental hiperativa e compulsivamente autocentrada.

Já falamos na corrente de pensamentos em posts anteriores. O Ego é em geral associado com a ideia de tempo e com a mente, que pensa compulsivamente para se assegurar de sua existência futura, em vez de simplesmente ter a consciência de si mesma e do momento presente.
Essa “necessidade de fazer” de “estar ativo” para poder existir, cria essa corrente ininterrupta e compulsiva de pensamentos que acaba impedindo o indivíduo de ser consciente, de estar atento, de perceber sua verdadeira natureza.

O que nos interessa aqui é que, nesse contexto, o egoísmo bloqueia o desenvolvimento espiritual e a possibilidade de uma vida consciente. E estamos, nesse blog, interessados em descobrir como se dá essa transformação que nos leva a descobrir QUEM SOMOS NÓS e como podemos ter acesso ao nosso verdadeiro EU.
Para isso, precisamos descobrir como é possível nos libertarmos do pensamento compulsivo praticado pelo falso “eu” criado pela mente. Precisamos entender que o pensamento sem consciência é a grande tragédia e maior causa de infelicidade para a maioria das pessoas. E não há dúvidas de que nossa identificação com o ego é inconsciente.
Portanto, volto a enfatizar nosso entendimento de egoísmo: não estamos usando aqui os conceitos mais comumente encontrados, que na verdade são consequências ou manifestações do egoísmo: indiferença, arrogância, mesquinharia, dificuldade em compartilhar, etc.

A mente cria uma corrente, uma massa de pensamentos, que inclui nossa história, nossas memorias, nossas “posses”, nossos desejos e aversões, etc. O egoísmo é a identificação dessa massa de pensamentos com a imagem mental que criamos de nós mesmos.
Vejam: não há nada de errado em possuir um ego. Precisamos dele para viver em sociedade. Mas meu ego não é quem eu sou. O problema acontece quando nos identificamos totalmente com ele – e o desafio é conseguir evitar isso. Porque o ego opera de um modo que nos leva a comportamento incompatível e oposto aos ensinamentos recomendados pelas grandes tradições espirituais.

Vejamos algumas características do ego:            
- o ego quer sempre ser especial, de preferência ser superior aos outros. Essa necessidade de ser especial também leva, invariavelmente, as pessoas egocêntricas a precisarem constantemente ser o centro das atenções. O ego quer ser o primeiro, quer aparecer, quer dominar.

- se não puder ser especial, o ego se contenta em ser mais qualquer coisa. Até mais miserável ou mais sofredor! Tem uma conhecida historinha de uma comadre dizendo para a outra: “você não imagina a dor de cabeça que estou sentido desde hoje cedo!” A outra replica:                          desde hoje cedo? Pois eu estou com uma terrível dor de cabeça há dias!” Disputa de egos...
- O ego quer ganhar, quer receber, em vez de dar. O ego tem o desejo de ter, de acumular, de se apegar, de possuir e nunca de ceder ou de abrir mão...

- o ego gera desejos: de avançar, de conseguir mais, de possuir mais, de saber mais...
- o ego tem necessidade de estar certo, de ter razão o tempo todo.

- o ego precisa de conflito, e para eu poder estar certo, o outro precisa estar errado...

- o ego quer ser exclusivo. Os publicitários há muito já entenderam isso e exploram fortemente essa aspiração do ego: já reparou quanto eles usam o atributo exclusivo para vender produtos?  Nosso ego em geral nos leva a estar dispostos a pagar mais e mais pela exclusividade!
- o ego enfatiza o tempo todo, a diferença, a separação entre “eu” e o “outro”.

- à medida que o ego quer reter tudo, pode fazê-lo mesmo à custa dos outros. O ego tende a se por sempre à frente, a deixar os outros para trás.
- o ego adora as situações de conflito, oposição e/ou confrontação com os outros. E todos os tipos de conflito agradam o ego: entre nações, entre religiões, entre times de futebol, partidos políticos, etc.
- o ego tem necessidade de ter inimigos ou, pelo menos, adversários. O ego apoia-se no paradigma NÓS vs. ELES.

Como vimos no início, desde sua formação o ego tende a se identificar com as formas criadas pelo pensamento. Por isso o ego se sentirá ofendido se você criticar seu carro, sua casa, sua roupa. Porque essas posses foram incorporadas ao ego, a esse falso “eu” criado pela mente. O mesmo acontece se você criticar suas crenças ou suas opiniões: o ego sente-se genuinamente agredido!
Depois desta descrição simplificada das características do ego eu sugiro que você releia o post 004.  Acho que fica claro com isso que a total identificação com o ego, que ocorre com a maioria das pessoas, torna muito difícil, senão impossível, que alguém possa seguir os ensinamentos de Jesus de Nazaré, de Rumi, do Buda e de outros grandes mestres espirituais.

Repare que o ego se manifesta em todas as esferas de nossa vida: profissional, afetiva, amorosa, espiritual. Os efeitos do ego representam perigo inclusive no desenvolvimento espiritual. Existem diversos relatos do que se pode chamar “espiritualidade egoísta”. Por exemplo, o ego adora competir: “sou mais ‘espiritualizado’ do que ele”. O desejo de possuir Deus, de desfrutar a presença de Deus, de ‘reter para mim’ o prazer da interação com o divino são manifestações do ego. João da Cruz, importante místico cristão, dizia que para evoluir espiritualmente é preciso se livrar de tudo, até do desejo por Deus (mas não do amor de Deus).
O ego é um fator importante na estruturação de nossa sociedade tecnológica e consumista. O lado tecnológico da sociedade retrata a tendência do ego de “controlar tudo”. O lado consumista retrata a tendência do ego de “desejar possuir mais”.

Entretanto, não tenho dúvidas de que o Homem tem uma tendência, uma inclinação natural, que é mais forte do que a tendência de se identificar com o ego. É uma inclinação profunda, atávica, de evoluir na direção de Deus, de buscar uma conexão com o Criador. E esta é a grande força que viabiliza a emergência do Eu verdadeiro. Essa é a força que permite que alguns de nós consigamos superar a identificação com o ego, consigam se livrar desse falso “eu” e ter acesso ao Eu superior, o Eu verdadeiro. Assim é possível descobrir, finalmente, quem somos nós. No próximo Post.

 

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Post 005 - Nosso Sistema Operacional


No Post anterior, investigávamos como é possível que nossa mente possa nos controlar. Vimos que a primeira razão disso é a corrente contínua de pensamentos, dominada pelo ego, que nos coloca quase o tempo todo num modo “automático”, semiconsciente, de agir.

O segundo motivo vem do “sistema operacional” sob o qual nossa mente funciona. Para entendermos melhor, vamos recorrer a uma metáfora computacional utilizada por Cynthia Bourgeault, no seu ótimo livro The Wisdom Jesus: nós, humanos, viemos ao mundo com um sistema operacional “básico” ativado, mas podemos fazer um ”upgrade”.

Esse sistema operacional nativo é essencialmente binário: ele funciona sob a lógica do “isso OU aquilo”, “certo / errado”, “bem / mal”.  Esse operador binário, estruturado num dualismo rígido, é o que rege nosso ego. Ele opera dividindo tudo que nossos sentidos percebem: dentro/fora; sujeito/objeto; bom para mim / ruim para mim. Dividir, rotular e separar conforme o rótulo é uma habilidade nativa, mas que também é fortemente reforçada pela educação que recebemos nas sociedades modernas. Um dos primeiros exercícios a que nossas crianças são submetidas quando entram na escola é mais ou menos assim: é-lhes apresentada uma coleção de objetos e pergunta-se: “qual desses objetos é diferente dos outros”? Se aprenderem a separar bem, são estimuladas.

Nosso pensamento é produto da mente, que é regida por esse sistema operacional binário.  Outra implicação disso no nosso pensamento é que ele evolui da separação para a fragmentação. Passa então a dividir as coisas em partes que não precisariam ser divididas. Dividimo-nos em nações, em partidos políticos, em times de futebol, em grupos religiosos. E então somos “nós” x “eles”.  “Nós” estamos dentro, “eles” estão fora.  Inicialmente, “eles” são apenas o outro grupo, do qual nos excluímos e nos apartamos, mas facilmente essa separação nos leva a considera-los como adversários e, mais um pouquinho, como inimigos. Guerras santas por causa de diferenças religiosas custaram milhões de vidas e muita violência à humanidade, e isso continua até hoje. Tudo produto do pensamento.

Recentemente, fiquei impressionado com resultados de brigas entre torcidas de times de futebol, no Rio e em São Paulo. Pessoas são assassinadas ou mutiladas com pauladas por causa desse tipo de rivalidade! De onde vem isso? Tem algum fundamento aparente?

Certamente, a explicação é muito mais complexa que a violência do assaltante que tem como objetivo um ganho material imediato. Vamos analisar isso mais adiante.

Nosso pensamento fragmenta tudo. Na ciência, cada especialidade, por mais definida que seja, é dividida em outras. E chega um a um ponto em que um especialista de um desses nichos não sabe nada e não entende nada do que ocorre em outro nicho da mesma especialidade. Um médico otorrinolaringologista não faz a menor ideia sobre os procedimentos cirúrgicos de um médico gastroenterologista. Na informática, um especialista em redes não sabe nem começar a fazer um “tunning” do banco de dados. E por aí vai.

Todas as divisões são criadas pelo nosso pensamento e, no entanto, ele nos convence de que elas são naturais.  A divisão em nações não é natural: é produto da mente humana, mas, no dia a dia, agimos como se o mundo tivesse sido criado assim. E quantos milhões de criaturas morreram, sofreram barbaramente com horrores da guerra, por causa da noção de nacionalismo?  Idem para as religiões, partidos políticos, etc.

Todo o resto da percepção fragmentada do que temos do mundo e de nós mesmos é criação da mente. A nossa própria identidade é percebida assim.

Quando eu penso em quem eu sou, faço isso através de uma série de atributos (rótulos): Sou engenheiro, nasci no Rio, gosto das montanhas, sou sagitariano, etc. Essa lista de atributos é que me torna diferente, especial, único.  Claro, essa mesma lista de rótulos eu atribuo aos outros e é ela que os torna diferentes de mim, separados de mim.  Esse senso de identidade baseado no ego, criado pelo pensamento é um muito comum e predominante nos seres humanos, mas as grandes tradições espirituais não endossam isso.

 Na verdade, esse ego, separado de tudo mais, é uma ilusão, uma miragem, uma criação da mente. É consequência desse sistema operacional que rotula tudo, separa tudo, fragmenta toda a realidade, para poder compreendê-la.  Jesus, como outros grandes mestres espirituais, vem nos convidar a nos libertarmos dessa ilusão.

Cynthia Bourgeault faz um resumo encantador sobre isso. Segundo ela, os ensinamentos de Jesus sobre essa transformação são tão vívidos que é como se ele estivesse nos dizendo:

Ei, você pode fazer um upgrade no seu sistema operacional – e a vida vai lhe parecer bem mais interessante quando você fizer”.

Você não vai achar isso na bíblia dessa forma, mas para mim também parece um ótimo resumo de sua mensagem. Mais adiante, vamos ver quais passagens do evangelho são resumidas por isso. Mas antes, precisamos entender um pouco mais o que é o ego e como ele atua em nós. No próximo Post !

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Post 004

Esse “Eu superior”, que às vezes percebemos existir em nós, é o nosso Eu Verdadeiro. Ele é a base de nossa verdadeira natureza, é nosso centro, e é nele, somente nele, que podemos experimentar um estado de plena consciência, ou “conhecer a verdade”. Quando citei Jesus Cristo no meu post 001 – “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, avisei que adiante evoluiríamos para a pergunta: “libertar de que?”.
A grande maioria de nós vive uma vida limitada, não faz ideia do que é capaz. Vive completamente na ilusão e engano criados pela mente racional (ver post 002), miseravelmente dominada pelo ego que só nos traz sofrimento, mas quando ouve a citação de Cristo, pergunta: “me libertar de que? – não preciso de nenhuma libertação, já sou livre”.
Libertar de que? Vou dar agora algumas respostas preliminares – mais à frente tem mais. Primeiramente, libertar de tudo que nos limita. Quando temos acesso à nossa verdadeira natureza, à base de nossa existência, descobrimos possuir capacidades que eram antes inimagináveis, de discernimento, sabedoria, inteligência, cura, amor, contentamento. Talvez você não acredite nisso e não tenho agora como demonstrar que isso é verdade, mas afirmo que a melhor maneira de acreditar é experimentando. A finalidade deste blog é repassar, de forma clara e precisa, ensinamentos de Jesus Cristo e outros grandes mestres sobre como se chega a essa experiência. Foi para isso que Jesus veio, foi para isso que Buda, Krishna e outros vieram, mas aqui seguiremos a linha de Jesus (não necessariamente de igrejas cristãs e seus dogmas).
Muitos de meus amigos que vivem baseados na mente racional, dominada pelo ego, afirmam “felicidade não existe, existem apenas momento felizes”, ou coisa parecida. Essa afirmação faz muito sentido para quem não conhece o acesso ao ser Eu verdadeiro, ao estado de plena consciência. Quem conhece, entretanto, sabe que é possível experimentar um estado permanente de contentamento e felicidade e que esse é nosso estado natural, para o qual fomos criados.
Mas antes de me aprofundar sobre o estado de consciência superior, no qual se encontra nosso Eu Verdadeiro, vamos falar no estado de consciência em que vivem 99% da humanidade: nosso sistema operacional nativo, dominado pela mente racional e, em consequência, pelo ego.
Primeiramente, um esclarecimento: não acho que nossa mente racional seja intrinsicamente má, demoníaca ou inútil. Negar que as maravilhas da ciência e da tecnologia são produto da mente racional seria obscurantismo. O problema não é possuir uma mente racional, o problema é ser dominado por ela, controlado por ela. Nossa mente racional pode e deve ser um maravilhoso recurso para nossa sobrevivência e bem estar neste mundo material, mas ela deve estar ao nosso serviço, deve ser um recurso que controlamos e usamos quando necessário. Infelizmente, 99% das pessoas vivem, ao contrário, sob o controle da mente racional. É como diz físico quântico David Bohm, na citação que fiz no post 002: “O pensamento oferece a falsa informação de que é você quem está controlando, que você é aquele que controla o pensamento, quando, na realidade, o pensamento é que controla cada um de nós”.
Essa vozinha que vive tagarelando na sua mente, com a qual você se identifica, a qual você pensa que é você, não é o seu eu verdadeiro. É na realidade um produto, uma criação da sua mente e de seus componentes (memória, sentimentos, sensações) - é o seu ego em ação. O egoísmo é a identificação com essa massa de pensamentos criada pela mente, inclusive a sua história, as suas memórias, com a imagem mental que você criou de si. Você objetará: se não sou minha história, então quem sou eu?
Realmente, não se pode apagar sua história, seu passado, suas ligações afetivas, etc. E não há nada de errado com elas, desde que você não se identifique totalmente com essas coisas, que são produtos mentais. O fundamental é compreender que você é MAIS que sua história, MAIS que a coleção de vontades e repulsas que sua mente cria para você.
Você deve estar se perguntando como é possível que nossa mente racional, com todas as suas capacidades maravilhosas, possa de algum modo nos ser nociva. Se a mente nos pertence, como ela pode nos dominar ou controlar?
Isso tem a ver, primeiramente, com a cadência em que nossa mente funciona. Você certamente já reparou na corrente ininterrupta e avassaladora de pensamentos que a mente produz. Nessa corrente, somos assolados por desejos, repulsas, necessidades, obsessões, medos, rancores, invejas, ciúmes, ressentimentos, afetos, dilemas de escolha. Essa corrente é contínua, não dá trégua. Somos continuamente retirados do estado de atenção, do momento presente, pois os citados sentimentos nos conduzem quase sempre ao passado ou ao futuro.
O domínio da mente vem justamente do fato da corrente ser ininterrupta e avassaladora: não encontramos brecha, intervalo no qual possamos fugir dessa fadiga, não "desengrenamos" dessa corrente, e desse modo somos dominados, impedidos de ascender a um nível superior de consciência.
O segundo motivo vem do “sistema operacional” sob o qual nossa mente funciona. Mas isso, veremos no próximo post.